Os vocábulos iniciados por ântero, ínfero, íntero, látero, póstero e súpero não perdem a sua individualidade morfológica, e, por isso, devem unir-se por hífen ao elemento seguinte.

As unidades iniciadas por ântero, êxtero , ínfero, íntero, póstero e súpero, que não se apresentam na sua forma plena, mas com forma reduzida (por anterior, exterior, inferior, interior, posterior e superior), não perdem a sua individualidade morfológica, e, por isso, devem unir-se por hífen ao elemento seguinte, de acordo com a ortografia que obedecia às disposições de 1945.

Segundo a nova ortografia, os compostos formados por adjetivo e nome ou adjetivo e adjetivo continuam a ser hifenizados sempre que "constituem uma unidade sintagmática e semântica e mantêm acento próprio, podendo dar-se o caso de o primeiro elemento estar reduzido" (Base XV, 1.º). Outros exemplos análogos: austro- (por austríaco), euro- (por europeu), servo- (por sérvio).

Consultando o Vocabulário Ortográfico Comum da Língua Portuguesa (VOC), encontramos as grafias ântero-dorsal, ântero-inferior, ântero-lateral, ântero-posterior, ântero-superior, ínfero-anterior, ínfero-exterior, ínfero-interior, ínfero-posterior, póstero-dorsal, póstero-exterior, póstero-inferior, póstero-interior, póstero-lingual, póstero-palatal, póstero-superior, súpero-anterior, súpero-exterior, súpero-interior, súpero-lateral, súpero-palmar, súpero-posterior, mas anterolateral (por lapso?). Não há, portanto, qualquer alteração.

No entanto, no Brasil, e ao consultar o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (versão em linha), editado pela Academia Brasileira de Letras, verificamos que estas formas surgem aglutinadas e sem acento no primeiro elemento, como anteroabdominal, anterodorsal, anteroexterior, superoexterior, superointerior, superolateral, etc., o que dá a entender que a equipa responsável considera as unidades em questão como formações por recomposição, e, por isso, segue a Base XVI (não a Base XV, 1.º) do Acordo de 1990. Esta interpretação não vai ao encontro do que se afima no Formulário de 1943: «Nos vocábulos formados pelos prefixos que representam formas adjetivas, como anglo, greco, histórico, ínfero, latino, lusitano, luso, póstero, súpero, etc.: anglo-brasileiro, greco-romano, histórico-geográfico, ínfero-anterior, latino-americano, lusitano-castelhano, luso-brasileiro, póstero-palatal, súpero- posterior, etc.» (Base XIV, 4.º), ou seja, a ABL, embora recomende a hifenização em vocábulos iniciados por anglo, histórico, lusitano, por exemplo, não segue o mesmo critério nos casos agora em apreço.

No que diz respeito a palavras formadas por ântero, êxtero, ínfero, íntero, póstero e súpero, recomendam-se as formas com hífen e acento circunflexo. Embora esses elementos prefixais sejam reduções de adjetivos, não perdem a sua individualidade morfológica, e por isso devem unir-se por hífen. Ver: Anexo final.
Esclarecimentos finais

Não confundir ântero (redução de anterior) com antero- (elemento de formação, do grego antherós, com o sentido de flor, como em anterofilia, anterozoide).
Não confundir íntero (redução de interior) com inter- (elemento de formação, do latim inter, ‘entre, dentro de, no interior de’) quando seguido de elemento iniciado por o (ex.: interoceânico, interoposição, interorgânico).
Não confundir súpero (redução de superior) com super- (elemento de formação, do latim super, ‘sobre, em cima de, além de’) quando seguido de elemento iniciado por o (ex.: superocupação, superordenação, superoxidar).

Lisboa, 7 de dezembro de 2016
Ana Salgado

*Atualizado a 11 de janeiro de 2017